Surge-me este post por ocasião da tomada de posse ontem do XIX Governo, que marca seguramente um virar de página nos destinos do nosso país.
É curioso constatar como a nossa forma de ver o mundo muda conforme as nossas circunstâncias e vivências…
Até há dois anos atrás, quando na minha actividade profissional eu me limitava a trabalhar para alguém e esperar um ordenado ao fim do mês, lembro-me que olhava para as eleições como olha um adepto de um clube de futebol para um “derby”: basicamente, torcemos pelo nosso “favorito” e tudo o que de mal aconteça é culpa do adversário ou do árbitro 😉
Dei por mim a mudar radicalmente a minha perspectiva sobre a condução dos destinos da nossa Res Publica quando me tornei empresário. De facto, a responsabilidade de desenvolver um negócio, de gerar receitas, de gerar emprego, de fazer boas transacções e de pagar salários fez com que deixasse de olhar para as eleições como um simples membro de uma claque…
Para mim, mais importante que ganhar o meu “favorito”, o que se tornou absolutamente prioritário é que das eleições saiam soluções governativas estáveis, que durem uma legislatura e que permitam que a economia funcione.
Sejamos claros: não advogo o absoluto pragmatismo tecnocrático dos executivos, devidamente liofilizados numa solução governativa “apolítica”! Isso não existe e todos nós temos preocupações e preferências que devem justificar a opção que se traduz no nosso voto. Sempre votei em consciência e confesso que não entendo quem se queixa da vida e nunca votou, ou quem se abstém de escolher, votando em branco…
Todavia, após a expressão de liberdade que é a opção por via do voto, aquilo que para mim é importante é que o país funcione, e que haja condições para que nos deixem trabalhar.
Ao longo dos últimos tempos, confesso que sentia que Portugal estava semi-esquizofrénico… na verdade, via um país nos noticiários que podia ser definido pela palavra “desastre”, tal era o turbilhão de notícias sobre a crise e as ameaças que pairavam sobre nós. Por outro lado, sempre que saía à rua, encontrava um país diferente: o país de quem continuou a trabalhar, com a serenidade possível, garantindo que tudo continuava a funcionar da melhor forma.
É pois desse país que falo: daqueles que, todos os dias, usam o seu talento para fazer cumprir Portugal. E repito: agora deixem-nos trabalhar!
Não quero deixar de dar aqui uma nota de apreço e esperança relativamente ao novo elenco governativo. Confesso foi uma agradável surpresa por:
- Ser um governo de caras novas”, que potencia um refrescamento na forma de fazer política e de olhar os problemas;
- Ser um governo com uma média etária surpreendentemente nova, que potencialmente quebra com a tradição de um certo “carreirismo político”;
- Ser um governo com uma boa dose de “estrangeirados”, que trazem mundo à governação;
- Ser um governo com uma boa dose de independentes, que trazem espírito crítico à governação;
- Ser um governo pequeno, que é um exemplo virtuoso e que encoraja a eficácia.
Quero destacar do elenco governativo dois nomes, que me parecem bons exemplos do que pode ser esta mudança de ciclo:
- Nuno Crato – um dos nomes mais conceituados da nossa Ciência, Nuno Crato é um democratizador da Matemática em Portugal, um divulgador de ciência e um acérrimo defensor do mérito. Dele podemos esperar o melhor para a Educação e Ciência;
- Paulo Macedo – gestor de renome, que tive o privilégio de conhecer no Millennium BCP, foi talvez o Director Geral dos Impostos mais competente que Portugal já teve. Ninguém melhor para profissionalizar uma área como a Saúde, que precisa de ser eficiente sem deixar de cumprir a sua imprescindível missão.
Resta-me desejar que este Governo tenha a melhor sorte possível, a bem de Portugal. Independentemente das minhas opções pessoais, estes seriam sempre os meus votos enquanto empresário português.
Votos de bom trabalho! 😉